quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Olá meus jovens!

   Através da leitura muito desenvolta de "Emília No País Da Gramática", escrito pelo nosso saudoso Monteiro Lobato, pude destacar um trecho que muito inquietou-me, pois, além de ser divertido, tem a ver com nossos estudos linguísticos sobre a arbitrariedade da Língua. Ou será que não? Eis a razão de tamanha inquietacão. Leiamos o trecho:

   " -Que tantas cidades são aquelas, Quindim? - perguntou Emília.
     Todos olharam para a boneca, franzindo a testa. Quindim? Não havia ninguém ali com semelhante nome.
     -Quindim - explicou Emília - é o nome que resolvi botar no rinoceronte.
     -Mas que relação há entre o nome Quindim, tão mimoso, e um paquiderme cascudo destes? - perguntou o menino, ainda surpreso.
     -A mesma que há entre a sua pessoa, Pedrinho, e a palavra Pedro- isto é, nenhuma. Nome é nome; não precisa ter relação com o "nomado". Eu sou Emília, como podia ser Teodora, Inácia, Hilda ou Cunegundes. Quindim!... Como sempre fui a botadeira de nomes lá do sítio, resolvi batizar o rinoceronte assim - e pronto! Vamos, Quindim, explique-nos que cidades são aquelas."

    Aparentemente o trecho demonstra sim um exemplo de arbitrariedade da língua. Mas se pararmos para pensar, o fato de Emília sair botando nomes nas coisas e animais a torta e a direita não está relacionado à homogeneidade da língua, e sim à FALA ! De acordo com as ideias de Saussure, este fenômeno que acontece com Emília e com a grande maioria das pessoas, ao atribuir nomes aos seus animais de estimação, ou às suas coisas (Sim, há pessoas que nomeiam até a porta de suas casas) é atribuído à fala, pois é heterogêneo e não obedece a um rigor simétrico; obedece apenas às convenções sociais que designaram consciente ou inconscientemente que o rinoceronte deve se chamar Quindim, ou um gato de Matilda, por exemplo, e não "gato", como propôs Audrey Hepburn em um certo filme muito famoso...


2 comentários:

  1. Exemplos diacrônicos do grego:

    Na Antiguidade, o estudo da gramática iniciou-se com Dionísio Trácio, que escreveu um tratado breve e metódico, intitulado Téchnegrammatiké. No parágrafo 13, Do verbo, esse autor se refere já às três vozes verbais, que ele denomina diáthesis: a ativa (enérgeia), a passiva (páthos) e a média (mesótes).

    Exemplos de verbos de movimento na voz media no grego antigo:
    μάχομαι: lutar
    μυθέομαι, falar
    λογίζομαι, calcular

    Referência: Disponível em http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/129/173 Acesso em 18 set 2014


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    1. Olá professora,
      Obrigada pela dica, pode deixar que entraremos no site para complementar nosso trabalho.

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